Humanos X Sistema (NOVEL) - Capítulo 9
– Tenho que admitir, é deprimente ver aquele que me matou morrendo pra um mero humano com corpo modificado. Mudando de assunto… fala aí, contando com essa, são quantas vezes que Corlin irá morrer?
– Cala boca, resto de aborto.
– Ora! Tá irritadinho?! Vamos lá, fala pra mim, 700? Ou ainda tá na casa dos 600? – Perguntou ele antes de colocar a mão sobre o cabelo de Kytes e o puxar para cima, assim erguendo sua cabeça.
– Cala boca, filha da puta! – Exclamou Kytes com os olhos totalmente negros.
– Cara! Tu tá medonho como sempre… Urrr! – Disse o Jovem antes de soltar a cabeça de dele.
– Fala logo o que quer.
– Bem, vamos lá: certa vez eu fiz um pacto com o Diabo, por algum motivo ele me pediu que em troca de meu desejo, eu nunca deixasse você perder sua humanidade.
– Chega logo no ponto final.
– Sabe, humanidade é um termo humano, não sei mais o que é isso, e bem, se continuar assim, você e Corlin morrerão e o Diabo virá me cobrar, até porque um morto não é humano. Então eu decidi te mandar pra uma lembrança onde habita uma pessoa, que… acho eu, é a mais humana possível.
– Eu não tenho tempo pra essas besteiras.
– Não esquenta! – No rosto do jovem se abriu um longo sorriso demoníaco. – Eu sou o mestre do tempo afinal!
– Que piada de mau gosto…
– Tanto faz, está na hora.
O jovem olhou a sua direita, observando aquela escuridão. Iluminando gradativamente, veio à luz do sol, não demorou muito, para que toda aquela escuridão se tornasse um belo céu composto de nuvens, Kytes estava sentado na cadeira de madeira, que flutuava no ar.
– O que está planejando?
– Você saberá em breve… na verdade não vai, já que confiscarei temporariamente suas memórias.
A cadeira onde Kytes sentava se transformou em uma nuvem, deixando-o cair indiscriminadamente. Despencando pelo ar, sem nada para se apoiar, Kytes teve dificuldade para respirar, graças à sua velocidade que cortava uma grande ventania.
Mas ele não estava tão preocupado com a queda, pois lhe passava diante de teus olhos, algo várias vezes mais preocupante, suas memórias estavam desaparecendo de pouco em pouco.
No fim, restou apenas algumas partes, e nem saber que o lugar em que estava era uma lembrança, ele sabia. Foi quando seu corpo de 16 anos, assim como um meteoro entrando em órbita, começou a queimar, não demorou muito até que ele tocou o chão, foi feito naquele local uma enorme cratera em forma de uma esfera pela metade, tendo 100 metros de profundidade.
Kytes estava no seu centro, sem nem saber o motivo, derramava algumas lágrimas. Ficou ele ali por 5 minutos, até que uma pessoa apareceu na boca da cratera. Ela observou lá de cima, pouco tempo depois, ela desceu até ele. Kytes não pode ver detalhadamente a pessoa que parou na frente do sol.
– Ei! Você está bem?! – Perguntou aquela pessoa que tinha uma voz feminina e agitada, que ao mesmo tempo era incrivelmente agradável de escutar.
– … – Kytes não conseguiu falar, ele não estava com nenhuma ferida aparente, mas seu corpo por dentro estava com várias veias estouradas.
– Merda!
A moça o pegou pelo braço e o colocou em suas costas, logo antes dele desmaiar.
Em meio ao céu, do subconsciente de Kytes:
O jovem loiro observava aquele mundo das nuvens, quando uma esfera negra apareceu diante dele.
– Você acha que ele vai seguir como você quer? – Perguntou a esfera.
– Eu limpei as lembranças dele até aquela data, graças a isso ele deve reproduzir o feito.
– Você realmente acha que quando ele receber todas as lembranças de volta, essa não será esquecida?
– Não é o caso, já que essa lembrança não é exatamente dele.
– O que você quer dizer?
– … Quando ele absorveu minha alma, eu decidi selar minhas memórias, para que ele não aprendesse nenhuma de minhas técnicas…
– Então por que está entregando-as de mão beijada?
– … Isso não é algo que você precisa saber.
No local onde Kytes se encontra:
Sem se lembrar de nada, Kytes abriu com dificuldade os olhos para ter um vislumbre do que estava diante de ti. Ele foi capaz de ver uma mulher de costas, ela tinha longos cabelos negros que iam até os joelhos e vestia um longo vestido azul-claro que só acabava nos pés. A moça estava preparando algo em um pote de cerâmica. Kytes se sentou na cama em que estava deitado, a mulher eventualmente notou que ele estava acordado e se virou.
Uma bela “donzela” de 170 cm de altura, seu corpo esbelto era um adjetivo para seus fartos seios. Seus olhos eram negros e sua pele clara; compondo isso, havia algo surpreendente, dois chifres, feitos de osso, curvados para cima, estavam em sua testa, eles não tinham menos de 30 cm.
– Você acordou! – Disse agitada a moça que foi em direção a ele com um pote em sua mão.
– Aqui! Tome isso! – Afirmou a mulher enquanto aproximava o pote com um líquido de cor verde até a boca de Kytes.
– …
Kytes hesitou por um segundo, mas seu corpo dolorido só deixou a opção de confiar na moça. Ele tomou aos poucos o líquido com a ajuda da mulher, foram algumas goladas antes de ele tomar tudo, ao terminar, foi de certa forma uma surpresa, suas veias ficaram com uma cor roxa brilhante, mas não trouxeram nenhuma dor.
– Muito bem! – Afirmou a moça enquanto levava os seus chifres para tocar a testa dele.
Quando tocou a testa de Kytes, eles brilharam em uma cor de fogo, ficaram nessa por alguns segundo, até que a testa dele começou a queimar de calor, nesse momento ela deu um passo para trás. O calor da testa de Kytes foi guiado por todas as veias feridas. Pouco tempo se passou até que as veias voltaram a cor habitual, elas estavam recuperadas, como se nunca houvessem sido estouradas.
– Bem, acho que eu deveria me apresentar… – Comentou a moça dando um passo para trás.
– Como deveria fazer isso… talvez seja melhor começar pelo meu nome e título… Sim, isso ai! Vamos lá! – Ela respirou fundo antes de continuar:
– É um prazer conhecê-lo! Eu sou o demônio da discórdia, Corlin!