Humanos X Sistema (NOVEL) - Capítulo 7
Kytes olhou para Corlin. Seu rosto fofo e adormecido estava sem expressão, era de certa forma engraçado. De vez em quando, seu corpo delicado ainda tremia levemente graças ao frio da noite.
– Então ela dormiu… bem, com uma história irritante dessas, quem seria idiota o suficiente pra não dormir… – Sussurrou Kytes para si mesmo. Seu rosto continha uma placa de dor estampada de ponta a ponta.
Em seguida, ele foi caminhando até o lado da cama. Suavemente, estendeu uma das mãos e dela saiu uma grande coberta que cobriu todo o leito.
– Fico feliz, que ao menos fui capaz de protegê-la…
Kytes se deitou na cama e ajeitou-se, colocando suas duas mãos na nuca. Ficou encarando o teto e o tempo foi passando. Uma hora se passou… Duas horas… Três horas… Caralho! Dorme logo, Kytes, porra.
– Não consigo dormir… Sussurrou Kytes. Seus olhos estavam vermelhos de tanto sono.
De repente, ele ouviu uma certa voz surgindo em sua cabeça.
– Ei, garoto. – disse a voz.
– E aí, Morte! Quanto tempo? – Kytes responde mentalmente.
– … Jovem, aquela alma que você puxou do abismo.
– Sim, o que tem?
– Sabe… Ela era uma alma realmente poderosa… tenha cuidado com ela.
Enquanto conversava, Kytes sentia um corpo rolando pela cama e esbarrando nele a todo instante, mas ele apenas ignorou, já que, com certeza, era Corlin.
– Tudo bem, mas fala aí a verdade. Você não me perturbaria apenas para dizer isso.
– Você tem razão… recentemente, me passou algo na mente, como você desejaria morrer?
– Sei lá mano, mó fita isso aí.
Ao terminar, Kytes viu algo inusitado em sua frente. Era redondinha, lisinha, quase chegava a brilhar e dava uma grande vontade de apertar: uma bela bunda com a vagina e o ânus sendo coberto apenas por uma lingerie negra com design de florzinha. Ela foi descendo lentamente até se encontrar com a fuça de Kytes.
– Sabe pequena morte, eu poderia morrer agora, sem arrependimentos.
– Kytes! Levante-se!
– E sair desse paraíso? Nem ferrando!
– Kytes! Isso é uma armadilha perigosa!
– Relaxa, mano. Eu não morro, esqueceu?
– Entendido, não vou mais me intrometer. Só não me culpe quando Corlin morrer.
Pow!
Um grande estrondo soou onde Kytes estava deitado e uma fumaça cinza cobria aquela parte do quarto. Kytes já tinha se levantado, olhando de um lado para o outro, em busca de Corlin.
– Corlin, você está…
Corlin estava no pé da cama, batendo em dois homens musculosos com um chicote. Os homens estavam com um acessório de maça em suas bocas, não lhes permitindo fazer barulho algum.
– Hum?! – Corlin olhando com desgosto para Kytes.
– Deixa quieto… – Kytes apontou com o dedo para a saída. – Vou ali rapidinho.
Ele desceu da cama e saiu do quarto, escorando-se na parede ao lado da porta. Mesmo de fora era possível ouvir as chicotadas. Kytes ignorou a situação e estendeu sua mão com a palma para cima, onde uma sombra humanoide apareceu.
– Aquilo lá dentro, não é nem um pouco normal. – Comentou a sombra.
– … Apenas ignore aquilo. Mais importante, o que é essa armadilha que você mencionou?
– Aquilo é uma armadilha que, quando você cai nela, passa a te controlar. Os ataques físicos de quem a criou são relativamente fracos e ele se aproveita dos desejos carnais dos seres para iludi-los.
– Nesse caso, não deveríamos parar a Corlin?
A sombra se diluiu no ar e no mesmo instante a porta do quarto se abriu. Corlin estava com o cabelo todo bagunçado e escorou o ombro na porta.
– O que tem eu? – Ela perguntou.
– Nada não, só tava aqui pensando em voz alta, me perguntando como aquilo lá dentro acabou daquele jeito…
– Também não faço ideia… Só sei que eles aparecem lá e as coisas ficaram assim.
– … De acordo com minhas informações, aquilo é um ser que aumenta sua luxúria, é basicamente uma armadilha pra te apunhalar pelas costas.
– Isso explica por que eles viraram pó ainda no início.
– … pode me dizer como você não foi afetada por aquilo?
– Um dos principais treinos que tive que fazer na infância foi de como matar minha luxúria. Utilizávamos espíritos para isso.
– Então você aprendeu esse tipo de coisa…
– Não, desistiram de me treinar nessa área, aparentemente os espíritos se apaixonavam por mim.
– … tanto faz, agora nós temos que dar conta desse inimigo, certamente ele não nos atacou por acaso.
– Okay, só deixa eu arrumar meu cabelo…