Humanos X Sistema (NOVEL) - Capítulo 12
No quarto escuro, com Kytes dormindo silenciosamente. A porta foi empurrada e batida com força o suficiente para levantar os mortos.
– Ei! Acorda ai! – Berrou a mulher, essa que é Elena.
– Hm! To acordado! – Disse Kytes, depois de olhar para Elena com os olhos quase fechados, ele ainda estava meio sonâmbulo.
– Vem tomar o café! – Berrou ela novamente.
– Para de berrar! – Gritou retrucando Kytes.
– Tsk! – Elena bateu a porta novamente, só que dessa vez a fechando.
Kytes se ergueu lentamente, e foi até o pé da cama, sentou-se ali e calçou um chinelo.
– Esperai… café?! – Kytes parou para pensar um segundo, quanto tempo será que ele não sente o gosto de café doce tocando sua língua e descendo por sua garganta. – Acho que não matá-los foi algo realmente bom.
Kytes foi até a porta empolgado, e ainda enquanto descia as escadas, viu de longe a linda, estupenda e majestosa, jarra de café. Como se fosse o destino entre dois seres conectados pela alma, ele caminhou sem tirar os olhos dela, e quando tocou no cabo, sentiu uma mão sobre seu pulso. Irritado, como nunca antes, ele olhou para ver de onde ela vinha. Era Elena quem interceptou o momento especial entre um mineiro e seu café!
– O que você acha que está fazendo?! – Perguntou Kytes.
– Vá chamar a Corlin. – Respondeu ela.
– Por quê? Você não pode fazer isso?
Foi quando surgiu uma voz ao fundo:
– Nenhum de nós é doido o suficiente para acordar aquele demônio. – Cássio entrometeu-se na conversa, ele estava sentado à mesa, comendo um pão de queijo.
– … Só queria um café. – Sussurrou Kytes. – Muito bem! Eu vou acordar o Diabo!
Kytes subiu as escadas furioso, e sem hesitar foi até o quarto de Corlin e abriu a porta com força, batendo-a contra a parede, o que fez um grande estrondo. Kytes não teve noção do que lhe atingiu no momento seguinte, apenas que sua cabeça foi estourada por algum projetil. Alguns segundos se passaram, até que ele conseguiu regenerar um de seus olhos e sua boca. A parede atrás dele, toda cheia de sangue, e Corlin, que estava com o cabelo todo bagunçado, uma camiseta branca e um short, ela também segurava um fuzil de precisão bem grande.
– O que raios você quer?! – Perguntou Corlin.
– Você precisava estourar minha cabeça?! – Retrucou os restos da cabeça de Kytes.
– … Quer que eu termine de estourar o resto do corpo? – Em seguida, Corlin apontou o fuzil para o peito de Kytes.
– Porra velho, só vim chamar pra tomar café, não precisava de tanta agressividade.
– Então era isso… – Corlin parou de apontar o fuzil e o escorou em seu ombro. – Eu vou me trocar, desço daqui a pouco.
Alguns segundos se passaram até que Kytes conseguiu se regenerar totalmente, mas porra velho, a mulher preparou um fuzil tão rápido assim? Não poderia ter utilizado na batalha?! Nunca entenderei esses seres.
Corlin abriu a porta e estava com o cabelo arrumado, vestia um short e o jaleco branco, dessa vez estava desabotoado, deixando a mostra uma camiseta preta.
– Você finalmente saiu. – Comentou Kytes.
– Não pedi pra você me esperar. – Retrucou Corlin.
– Não me deixariam tomar café sem você.
– Então se eu voltar pro quarto você se ferra?
– Corlin é a mais bela e bondosa donzela de todo o mundo, tenho certeza que não iria fazer algo tão maléfico. – Kytes ativou a bajulação nível 100 naquele momento.
– Você leva jeito com as palavras, em… De qualquer forma, vamos logo. – Disse Corlin.
– Sim, sim.
Kytes e Corlin começaram a caminhar lentamente em direção a sala de estar.
– Aproposito, quem foi que fez o café? – Perguntou Corlin.
– Os convidados do primeiro andar. – Respondeu Kytes.
– Você deixou duas cobaias que não estudaram, numa casa dessas, que chuto eu, ter coisa que nem eu conheço, fazerem café?
– …
– Você é louco.
– Não sou louco, eu apenas decidi confiar neles. – Disse Kytes, estava tranquilo por fora, mas escondia dentro dele o temor que as palavras de Corlin causou, logo eles já estavam na escada. Desceram e se sentaram a mesa.
– Bom dia. – Comentou Cássio.
– Bom dia. – Respondeu Corlin.
Kytes estava tenso, seu olhar era obscuro e cheio de temor, logo ele viu Elena trazer a garrafa de café, junto a algumas xícaras de porcelana.
– Muito bem, é chegada a hora! Meu café, santo café! Quantos anos faz que não tomo um gole de ti? – Encenou Kytes encarando a garrafa.
– É um idiota completo. – Comentou Corlin.
Kytes pegou a garrafa de café pelo cabo, girou a tampa, e como um bom mineiro, colocou o café enquanto levantava a garrafa cada vez mais alto. Ao fim, um quarto da xícara já estava cheia. Pegando lentamente e dirigindo-a até sua boca, sentiu um cheiro forte de café, mas logo tomou um belo de um gole. Em seguida… Cuspiu tudo como se tivesse tomado vômito! Aquele café estava amargo!
– Que desgraça é essa!? – Gritou Kytes.
– Café, o seu era meio estranho de fazer, então foi meio difícil e acabamos desperdiçando algumas coisas. – Retrucou Elena. Corlin apenas observou com uma cara de: “Eu te avisei”, enquanto apreciava um pão de queijo.
Kytes estava tenso e com seus olhos trêmulos, foi correndo em disparada e olhou em todas os armários, a verdade era nua e crua, Elena… Elena gastou todo o pó de café! Como é possível?! Havia estoque para três meses ali!
Nota do Autor: Fiz uma zoeira com os mineiros do Brasil, o pessoal desse local ama café, e eu não me surpreenderia se o café mineiro fosse considerado o melhor do mundo. ( Mas se algum dia for para Minas Gerais, não tome o café de qualquer um, não são todos moradores que sabem fazer. )