Humanos X Sistema (NOVEL) - Capítulo 9.2
Fugindo do boi, Koute e Corlin se encontraram no meio de uma floresta fechada, na qual não se podia nem ver as estrelas que pairam sobre a noite. A fera os perseguia destruindo todas as árvores em seu caminho, camuflando-se facilmente na escuridão graças a sua cor extremamente negra. Se não fosse pela barulheira que fazia, certamente seria perdida de vista.
A distância entre os dois e o boi diminuía a cada passo, estava claro quem era mais rápido. Sem poder de combate o suficiente, eles corriam em busca de uma brecha. Até que chegaram em uma parte ainda mais fechada da floresta.
Koute então respirou fundo e ainda enquanto corria, bateu o pé com força no chão e uma grande cortina de poeira se ergueu. Ele e Corlin desapareceram em meio aquilo, o bovino ficou totalmente confuso, enquanto caçava incansavelmente por eles. Dali pra frente as raízes eram muito grossas e a maioria estava pra fora da terra, então era impossível o boi continuar destruindo tudo.
A verdade é que após Koute levantar a cortina de poeira, ele pegou Corlin nos braços e subiu em uma das árvores mais adiante. Ele havia apostado que o boi não os perseguiria, por causa das grandes raízes. O que mais o incomodava era o fato de ter apenas um boi, o outro havia desistido?
Os dois ficaram ali em cima da árvore até que a fera saiu das proximidades. Eles então desceram, e Corlin decidiu tramar uma estratégia para conseguirem sair da floresta em segurança: eles poderiam arriscar voltar pela floresta ou adentrar mais na mata para encontrar uma montanha, que jazia mais adiante, e procurar uma caverna para passar a noite.
– O que você acha? – Perguntou Corlin.
– Voltar pela floresta é suicídio, ainda mais que não temos certeza de onde está o segundo boi. – Disse Koute.
– …
– Eu preferiria procurar uma caverna e esperar o sol nascer. Se eles caçam a noite é porque estão com fome, ou seja, não conseguem caçar de dia.
– Certamente encontraremos uma caverna, o problema é se já estiverem habitadas…
– Corlin, poderia me dizer que feras vivem por aqui?
– Acho que você não entendeu… aqui não tem animais que vivem nessas cavernas, mas comumente humanos habitam-nas por uma noite ou duas durante suas caçadas.
– Acho melhor escondermos seus chifres, então…
– Por quê?! – Ela gritou agitada enquanto segurava seus chifres com as mãos.
– Se os escondermos, os humanos não te discriminarão por ser um demônio. Portanto, caso os encontremos, podemos passar a noite com eles sem problemas.
– … – Corlin prendia as lágrimas em seus olhos, até parecia uma criança.
– Não faz essa cara de cão sem dono, não vamos cortá-lo, ao menos por enquanto…
– Por enquanto!?
– É brincadeira, calma.
– … você é um demônio, me atormentando sem parar. – Disse ela enquanto soltava seus chifres.
– Essas palavras são estranhas, vindo de você…
– Mas como você pretende escondê-los? Eles são considerados grandes até mesmo entre os demônios.
– … é verdade, esse par não tem menos de 30 centímetros…
– Não é!? – Ele estava orgulhosa e com o nariz empinado.
– Então só nos resta cortá-los…
– Você não disse que estava brincando?!
– Bem, as vezes temos que voltar atrás com a palavra, vou preparar a faca.
– Não! Tem que ter outro jeito!
– … na verdade… tem.
– Eu faço qualquer coisa!
– Muito bem, tente não reclamar depois.
Koute então pegou um amontoado de folhas e alguns cipós. Corlin aguardava ele terminar, com dúvidas sobre o que ele estava aprontando.
– Acho que é o suficiente. – Afirmou Koute após voltar com outro amontoado em suas mãos e colocá-lo ali.
– Pra quê isso tudo?
– Para mim sintetizar. Você disse que ia fazer qualquer coisa, certo?
– Desde que não envolva meu poder…
– Não se preocupe, ele não faz parte do plano.
– Mas para que você vai sintetizar folhas?
– Você sabe que as dríades têm grandes chifres e são muito belas certo?
– Sim, elas são facilmente encontradas em florestas.
– Pois é, não seria estranho caso uma procurasse socorro após ter sua casa destruída por uma fera desconhecida… – Ele estendeu suas mãos e começou sintetizar as folhas que passaram à brilhar de maneira azulada.
Corlin olhava para ele com olhos quase pulando pra fora e com sua mãos formigando. – Não me diga que você!?
– Já acabei.
– Não, não mesmo!
– Me lembro de um: “Eu faço qualquer coisa.”
– Você só pode ser um demônio!
– …
No final, ela aceitou. Acontece que Koute sintetizou uma roupa para que Corlin se disfarçasse de dríade, porém as vestimentas eram apenas um biquíni que tampava apenas o bico dos peitos e uma calcinha que tampava apenas aquela parte… daí você deve conseguir entender do porquê a garota hesitava tanto.
Enfim, ela decidiu se trocar atrás de uma árvore, para que Koute não a visse nua. Demorou um pouco, mas foi tempo o suficiente para que o jovem fizesse uma gambiarra com algumas folhas. Basicamente, ele fingiu sintetizar as folhas, mas parou no meio do caminho, criando a lâmpada; chupa essa Einstein!
Ela veio caminhando enquanto segurava um dos braços com o rosto corado, ainda tentava desviar o olhar de Koute. O cabelo dela foi um belo contraste para os fartos seios quase totalmente à mostra, se as folhas que os tampassem rasgassem… Que sonho distante! Como demônios vieram do inferno, eles normalmente congelariam, mas a vergonha que Corlin sentia a fazia suar.
– Como… Como eu estou? – Perguntou Corlin hesitante.
– Nem todo o dinheiro do mundo paga o que eu tô vendo. Coitado dos leitores dessa novel, que não podem ver o que vejo.
– …
– De qualquer forma, veste isso aqui. – Ele estendeu um casaco e uma saia feitos de folha, – Se as coisas continuarem assim, não vou conseguir me controlar.
– Se você tinha isso, por que não falou antes!?
– Tamo sem tempo… apenas vista rápido.
– O que foi?
– Acabei de perceber a presença de algo muito forte vindo pra cá.
A presença que Koute sentiu, será humano? Ou talvez um demônio? Não se sabe! Só temos a certeza que é poderoso o suficiente para impedir um jovem de observar a fofura de Corlin!