Humanos X Sistema (NOVEL) - Capítulo 9.4
Diante da colossal fera iluminada pela fogueira, estavam aqueles humanos que Koute decidiu confiar. Eles ficaram pasmos com a presença do dragão. A mão de Rita começou a tremer, ela segurava um punhal no pescoço de Corlin, que estava com as mãos e pernas pregadas na parede, sangue descia de sua testa até seus joelhos e suas feridas eram incontáveis.
– Parede do tempo celeste. – Com uma voz tenebrosa, o dragão invocou.
No mesmo instante, Corlin que estava inconsciente e ferida, apareceu deitada nas costas do dragão. Mesmo Koute tendo se transformado, isso não camuflou o seu ódio pelos humanos.
– Como acusador e juiz, irei fazer com que rastejam como vermes por toda a eternidade.
O dragão então cuspiu uma labareda de fogo azul tão frio quanto o gelo. Ele só foi parar alguns segundos depois, dando espaço para ver o que havia acontecido com as pessoas dentro da caverna.
Cada um deles, sem exceção, estavam com suas pernas e braços congelados, que logo em seguida trincaram e se partiram em pedaços. Foi possível ouvir de longe o grito de dor de todos os humanos ali presentes. Enquanto isso, a certa distância dali, o caçador caía em gargalhadas enquanto descansava em uma árvore, com as duas feras negras embaixo dele.
Com um simples bater de asas, o dragão alcançou as nuvens. Sobre a luz das estrelas e da lua, ele fez uma última invocação: uma luz verde começou a brilhar sobre a Corlin e suas feridas foram desaparecendo até não sobrar nada.
– Então você acordou… – Disse o dragão com voz calma.
– O que aconteceu? – Perguntou Corlin
– Sei lá, você que deveria saber.
– Deixando isso de lado, por que você tem a mesma presença do Koute, mesmo sendo um dragão?
– Porque eu sou o Koute, idiota.
– Hê… Hêêẽ?!
– … Se segure aí atrás, estamos quase chegando.
– Chegando onde?
– Terra dos dragões, aqui o vento é forte, meu escudo não é muito funcional quando estou voando.
– Hum… Espera, estamos voando?!
– Hê?! Você é idiota?! Como não notou?!
Corlin se segurou firme no pescoço do dragão. Tempo depois, Koute começou a notar a presença de outros seres se aproximando e não demorou muito até que ele estivesse cercado por dragões que surgiram do meio das nuvens.
– Koute, o que faz aqui? – Perguntou o líder deles.
– Não é da sua conta. – Afirmou Koute. Corlin olhava impressionada para aqueles seres.
– Você não é bem vindo aqui… ainda mais com um demônio.
– Fecha a matraca, velho.
– Se você não der meia volta, iremos atacá-lo.
– Vocês realmente acham que conseguiriam me ferir?
No meio da discussão, surgiu uma voz que estremeceu os céus. Ela sem sombra de dúvidas fez o coração de todos os presentes bater mais rápido.
– Deixem que ele passe.
Os dragões que antes barravam com Koute, agora apenas desceram abaixo das nuvens sem proferir mais uma palavra sequer. Koute então seguiu para seu destino, uma enorme montanha plana que jazia acima dos céus. Ele pousou em uma área vazia, que possuía apenas uma grande neblina escura rodeada de trovões.
Foi quando a voz surgiu novamente.
– O que faz aqui? – Perguntou.
– Eu venho aqui com um pedido, mestra dos dragões. – Respondeu Koute.
– Você não é mais do clã dos dragões, não preciso aceitar seu pedido.
– Realmente, por isso iremos fazer uma troca.
– Aonde você quer chegar?
– Eu sou um dragão caçador, oferecerei meus serviços novamente.
– Em troca de quê?
– As feridas do ser em minhas costas foram feitas com uma adaga do tempo, suas memórias estão desaparecendo aos poucos. Eu gastei muita mana na “última batalha” e no momento não posso fazer isso.
– Me parece um bom acordo. Eu irei mantê-la presa em uma linha do tempo, quando terminar a missão, eu cumprirei minha parte.
– Muito bem. Me diga, qual a missão?
– Você terá que matar o príncipe do submundo, Alazar.
– Isso não atrairia a ira do rei demônio?
– Não tem como evitar, ele já abateu dois dragões. Como o general está batalhando com o rei do norte, não há muitos dragões capacitados pra fazer esse trabalho.
– Muito bem, eu aceitarei a missão.
Logo, Corlin foi envolta em uma bola branca que a deixou inconsciente, enquanto Koute a observava com determinação estampada em seus olhos. A bola branca se moveu para o centro da planície e ali ficou.
Koute bateu suas asas novamente, mas desta vez para um lugar muito longe dali.