Humanos X Sistema (NOVEL) - Capítulo 17
Cercados por inimigos que se escondiam na sombra da noite, Cássio e Gabriel se viam escondidos atrás de frágeis paredes de terra. Lutar ou morrer, um cenário comum nesse mundo. Gabriel se levantou com olhos sedentos por vida, se lembrando de tudo que um dia almejou, se lembrou da promessa que um dia fez.
– Ei, Cássio, você é um imbecil. – Disse Gabriel.
– Beleza, e a novidade? – Respondeu Cássio.
– Ainda assim. – Gabriel encarava a parede de terra e deu um leve sorriso de lado. – Eu gosto de você!
– Foi mal cara, mas eu não corto para esse lado! – Falou Cássio em tom alto.
– Idiota, você entendeu o que eu quis dizer.
– Muito bem, vou desfazer o muro… está pronto? – Perguntou Cássio seriamente.
– Pode ir! – Respondeu Gabriel.
Gabriel desfez aquela barreira de terra e deixou a mostra os olhares malignos dos seres que espreitavam as sombras. Mas o que realmente lhe prendeu a atenção foi o que surgiu em sua frente, estava nas costas de Gabriel, uma sombra… não, aquilo era muito mais que isso, aquilo emanava um poder ridículo, um poder mortal e sua aparência era muito mais escura do que a noite. Chamá-lo de sombra desmerece tudo o que ele é, não teria nome mais apropriado do que… a encarnação das Trevas.
Aquela escuridão montava as costas de Gabriel, mas não como um inimigo e sim como um aliado. Cássio engoliu seco e depois deu um passo adiante, não podia se permitir parar logo al. Se para retornar e salvar o pessoal do laboratório é necessário passar por isso, para ele não é um preço mais que justo!
– Gabriel, você pode cuidar dos da direita? – Perguntou Cássio.
– Muito bem, mas não vá morrer com os da esquerda! – Respondeu Gabriel.
Os monstros eram de pele escura e semelhantes a pantera, a maior distinção era que alguns deles tinham duas cabeças ou até três, clássico animal de Chernobyl. Recuar nunca foi uma opção, morrer também não, então só resta lutar até que eles entrem em extinção! Uma luta sangrenta se estendeu por toda a noite, ao raiar do sol era possível ver uma pilha de corpos enquanto dois garotos extremamente exaustos lutavam para se manterem de pé.
– Corte do Tempo! – Disse uma voz que vinha dos céus.
Em seguida os inimigos restantes foram partidos ao meio, sem se preocupar com nada, Glutão se aproximou lentamente. Os garotos já estavam a beira do abismo, não aguentavam dar nem um passo a mais e quando viram a familiar mascara de Glutão, se permitiram caírem desmaiados ao chão.
– Oi, oi, vocês realmente deram tudo de si… – Glutão se aproximou. – Sabem que eu teria salvado vocês se tivesse dado merda, né? Ei, vocês tão me ouvindo?… Acho que não. – Ela deu um longo suspiro e estendeu sua mão rente a eles.
No momento seguinte eles já estavam de volta a casa de Glutão, ela os colocou deitados em sua cama. Logo se sentou deitada a parede, Glutão ficou toda a noite usando magia para que verificar se eles estavam vivos e se algo fosse fora do plano, ela simplesmente retiraria eles dali. Como resultado, quase toda sua mana da alma foi consumida e ela se encontra exausta, não demorou e ela dormiu.
Era final de tarde quando Glutão acordou, felizmente havia conseguido regenerar um pouco de sua mana da alma, o suficiente para que pudesse curar os dois garotos. Ela se levantou e observou para as camas, eles já haviam saído. Bem, se já conseguem se levantar, é porque estão bem, não?! Gabriel é até compreensível graças ao seu poder, já Cássio é um pouco diferente… Glutão curiosa decidiu procurá-los.
Ela abriu a porta de sua casa e deu de cara com aqueles dois, deitados olhando o céu, aparentemente conversando. Glutão compreendeu o cenário e deu um passo atrás, decidiu voltar para dentro de casa e fazer alguns deveres. Já Cássio e Gabriel conversavam por algo extremamente sério.
– Gabriel… você se curou rápido, não? – Perguntou Cássio.
– Pois é… mesmo que diga isso, você já consegue ficar de pé também. – Retrucou Gabriel.
– Você sabe que eu estou controlando meu corpo com poder da alma…
– Pra mim é o mesmo. – Disse Gabriel hesitante.
– Obviamente que não, aquela coisa que eu vi ontem… não falei nada, mas aquilo estava te devorando aos poucos.
– Não precisa se preocupar com aquilo, ela precisa de energia para funcionar, então eu entrego meu corpo, isso é tudo.
– … Muito bem, se não quer dizer, não vou perguntar.