Humanos X Sistema (NOVEL) - Capítulo 5
Humanos X Sistema
Auto: Cueio Crackeado
Revisor: Shmeblock
Após um pequeno tempo caminhando, Kytes e Corlin chegaram até o palácio. Diante daquele belo lugar que um dia foi “glorioso”, Kytes parecia muito mais exaltado que o de costume.
– Você pode montar guarda aqui? – Perguntou Kytes, embora aquela pergunta mais se assemelhasse a uma ordem.
– Ok… – Corlin estava receosa graças a mudança repentina no humor de Kytes, que começou a se alterar assim que eles entraram na cidade.
Kytes andou sozinho até a entrada do palácio, um enorme portão com cerca de dez metros de altura, feito arrogantemente de ouro. Lá dentro, ele podia ouvir vozes cantarolando e o som de música tocando. Uma arpa e um violino tocando em conjunto era hipnotizante, e em meio a tudo isso, só poderia dar a entender que eles estavam dando uma festa.
Atrás daquele portão, estavam bebendo e festejando grandes soldados e nobres, que certamente eram os melhores do reino. Nem uma palavra descreve melhor a aura que eles emanavam do que… Prepotência.
O ar em volta de Kytes continha um ódio tenebroso, algo mexia com ele, como se ele tivesse se transformado em um demônio. Após observar por alguns segundos o portão, que nenhum soldado guardava, ele estendeu sua mão e tocou aquela entrada.
Foi em um simples toque que o portão cedeu. Ele caiu para o lado de dentro do palácio fazendo um grande estrondo, chamando a atenção de todos.
Kytes adentrou o lugar caminhando sobre a porta, seu semblante não era como o de um humano, estava mais para uma fera faminta atrás de sua presa. Seus olhos se tornaram azuis incandescentes, sua presença era como a de um exército de mil homens e sua respiração era densa como a de um dragão.
Com as costas meio curvadas para frente, ele observou o centro das atenções. Um jovem de vinte e poucos anos, sentado em um trono, estava com uma coroa banhada a ouro e diamante, vestindo um manto feito de pele de urso. O seu rosto anteriormente alegre de cor clara, rapidamente demonstrou medo e palidez ao sentir a presença esmagadora de Kytes.
– Então… Aqui… É a fonte.
Graças ao peso de sua própria respiração, Kytes fez pausas frequentes na fala. No meio disso, o jovem se levantou do trono e arrogantemente apontou o dedo na direção de Kytes.
– Quem é você?! – Ele gritou.
Kytes focou ainda mais seus olhos ao jovem, que ousou aumentar seu tom na presença do “Governador de Universos”. Aquilo só serviu para dar mais combustível ao ego maligno que controlava Kytes naquele instante. Mal sabia o jovem que ele já estava morto.
– Eu… Eu sou apenas… O senhor do fim.
Assim que Kytes fechou a boca, a saída foi trancada por uma placa de titânio e a luzes que iluminavam o saguão se apagaram; foi um piscar os olhos para nunca mais ver a luz. O lugar havia sido tomado por uma escuridão absoluta e ouviam-se gritos desesperados. No entanto, tudo que se podia ser visto era os ilustres olhos de Kytes e um par de olhos gigantes vermelhos carmesim que pairavam diante da saída e encaravam o jovem rei.
Em meio àquela escuridão, onde não se podia ver dois braços de distância, algo ilustre começou a acontecer. As pernas das pessoas ali presentes, foram agarradas por pequenas mãos de crianças que os prenderam firmemente. Pequenos rostos com sorrisos bizarros estampados em seus rostos saíram do chão.
Em meio aquele caos, Kytes retomou seu tom de voz cotidiano, só que muito mais tenebroso e arrogante.
– Se querem culpar alguém pelo seu infame destino, não recomendo que culpem a mim, pois eu vos escutarei e irei até o fim do inferno apenas para torturá-los.
Após aquelas palavras de Kytes, as pessoas foram puxadas pelos braços das crianças para dentro da terra e uma gritaria indomável dominou todo o salão. Em um pequeno espaço de tempo, praticamente todos haviam sido levados, e a escuridão ali se dissipou junto dos grandes olhos carmesins. Os olhos e corpo de Kytes também voltaram ao normal. Nesse momento, ele viu algo que lhe surpreendeu e chamou a atenção.
O jovem não havia sido puxado, na verdade estava sentado no trono com os olhos quase sem vida, seu corpo estava imóvel e duro como pedra, como se sua vida tivesse sido drenada. Diante dele, estava uma sombra tão escura que nem a luz do sol poderia dissipar. Kytes andou até o lado da sombra sem temor, na verdade, estava bastante tranquilo.
– Então você é o antigo rei.
– … – A sombra apenas o encarou sem responder, na verdade, ela nem poderia, já que era apenas uma sombra.
Kytes deu um longo suspiro e colocou a ponta de seu dedo indicador na testa do jovem que não conseguia se mover, enquanto com a outra mão tocava a sombra.
– Vou te devolver seu trono, peço que não vacile de novo.
Em um instante, a sombra entrou para dentro do corpo de Kytes e passou para o jovem a partir do dedo indicador que tocava a sua testa, e aquele que se sentava no trono, desmaiou no mesmo instante. Kytes logo deu as costas e saiu caminhando daquele lugar.
Kytes pouco caminhou e já se deparou com Corlin que aguardava já entediada a sua volta. Ele caminhou tranquilamente até ela.
-Yo! – Ele disse com um pequeno sorriso.
– Ei! Não roube meu cumprimento tão descaradamente! – Corlin suspirou por um segundo antes de continuar – Como foi lá dentro?
– Foi safe.
– De qualquer forma, fico feliz de ter voltado ao normal.
– Hihihi! Então você tava preocupada comigo?
– Tsk!
– De qualquer forma, vamos comprar algumas roupas, creio que haja uma loja nessa cidade. – Disse Kytes enquanto mexia nos seus trapos de roupa laranja.
– Bem que eu queria. Mas não temos dinheiro… – Corlin afirmou tristemente.
– Preocupa não, eu assaltei o salão de forma tão perfeita que nem o narrador percebeu.
– … Você é mal.
– Eu livrei a cidade de uma doença, é um preço justo.
Corlin soltou um longo suspiro e em seguida os dois começaram a caminhar pela cidade.
– Só para constar, quantos anos você tem?
– Vai saber, quantos você acha que eu tenho?
– Ei! Não desvie tão facilmente da pergunta.
– Vamos lá, não faz assim, quero ver se você chega perto.
– 22?
– Entendo… então a partir de hoje tenho 22!
– Ei!
– E você? Tem quantos anos?
Corlin soltou um longo suspiro antes de responder:
– 23.
– Tiazona. – Sussurrou Kytes.
– O que você disse?! – Corlin cerrou o punho e perguntou irritada.
– Só tem um porém nessa história.
– O quê?
– A loja de roupas… Onde fica? – Perguntou Kytes, eles pararam de caminhar por um instante e se encararam.
Eles andaram bastante até encontrar a loja, no final, estava na parte nobre da cidade. Kytes comprou algumas roupas, mas só vestiu uma blusa branca e um short jeans preto.
Corlin comprou bastante, mas no fim a que lhe mais agradou foi um curto vestido negro com linhas vermelhas. Esse vestido luxuoso não tinha mangas e acabava antes do joelho. Por sinal, quando Corlin perguntou a Kytes como ela ficava naquele vestido, ele respondeu:
“Falando sinceramente, nunca vi alguém tão bonita.” Ele coçava levemente bochecha, demonstrando vergonha. Claramente era uma bajulação, mas foi o suficiente para Corlin ficar levemente envergonhada e voltar correndo para dentro do provedor. Assim que ela saiu de perto, Kytes voltou com o tom confiante enquanto negociava com o vendedor.
Antes de sair da loja, eles perguntaram ao dono do lugar, que estava feliz por ter feito uma boa grana, onde havia uma pousada. Após conseguir a informação, eles foram ao local para passar a noite. Corlin foi direto para o quarto, enquanto Kytes negociava o preço da hospedagem e ia para o quarto algum tempo depois.
O lugar tinha apenas uma grande e bela cama de casal com lençol e travesseiros vermelhos feitos de seda, as roupas que eles compraram estavam em um baú que Corlin colocou ao lado da cama. Ela estava sentada no meio da cama, aparentemente tensa, então Kytes decidiu perguntar:
– O que você tá campeirando aí?
– Só estava aqui me perguntando, como você conseguiu derrubar aquela porta tão facilmente?