Humanos X Sistema (NOVEL) - Capítulo 9.6
Uma alabarda, um sorriso sádico e uma determinação inquebrável: isso é tudo que Koute possui nesse instante. Alazar, hoje seu inimigo, se preparou para atacar. O combate se iniciou com uma simples investida. Aqueles dois eram anormalmente rápidos e criavam um grande vendaval por onde passavam.
Koute brandia sua alabarda, mas mesmo quando acertava o alvo, não surtia muito efeito. Eles lutaram por horas até que decidiram tomar distância um do outro. Eles arfavam pesadamente e o cansaço dos dois lados era evidente. Mesmo sem dizer nada, ambos sabiam que o próximo encontro entre a arma de Koute e os braços de Alazar seria o último. A alabarda de Koute começou a brilhar em uma azul ofuscante, aumentando de intensidade a cada segundo.
– Então vai ser assim… – Comentou Alazar e seus cabelos, braços e chifres começaram a pegar fogo.
Então os dois fizeram uma última investida, causando um estrondo tão grande que gerou um terremoto. Eles estavam ainda mais rápidos do que antes. Koute atacou horizontalmente com sua alabarda, mas Alazar não se deu por vencido e defendeu com seu braço. O que se passou nos segundos seguintes foi extremamente inusitado.
Com o choque daquela colisão, o lugar começou a desmoronar. Koute rugiu e colocou ainda mais força no golpe, tentando cortar o braço de Alazar. Este, por sua vez, preparou um soco com a mão livre. A alabarda, por sua vez, não aguentou a pressão de Koute e simplesmente quebrou. Sua lâmina se despedaçou e seu cabo trincou.
Os olhos de Koute se arregalaram, mas ele não teve tempo para pensar nisso e logo foi acertado pelo soco de Alazar. Ele voou contra a parede e sangue escorreu de sua testa. Alazar caminhou até ele com um rosto sério. Koute, por sua vez, nem abria mais os olhos. O inimigo então levantou seu braço em chamas uma última vez.
– Essa foi uma luta que não irei esquecer… – Comentou Alazar.
Quando estava prestes a atacar, Alazar sentiu uma dor imensurável em seu corpo e sangue escorreu de sua boca. Foi quando ele percebeu que partes da Alabarda de Koute haviam o perfurado.
– Desgraçado. – Disse Alazar.
– Foi mal, cara… mas não posso morrer ainda. – Retrucou Koute.
– Como você fez isso?!
– Esqueceu, mano? Eu sou o dragão do tempo.
– Eu quero saber como você sabia onde estavam todos meus corações!
– Cara, quantas vezes você acha que nós lutamos aqui? Vou te dar uma dica: só com o Cérberos, eu briguei 32 vezes.
– Maldito! Você está usando magia proibida!
– A mim foi concedido o poder de voltar o tempo, segura a pressão neném. – Koute se levantou e se aproximou de Alazar.
– Você realmente acha que isso vai terminar assim?!
– Tu chora pra caralho… se isso vai satisfazer seu desejo, eu lutei com você 162 vezes. Agora eu vou indo, tchauzinho. – Koute deu alguns passos mais adiante.
Então reconstruiu sua Alabarda e o corpo de Alazar explodiu com a pressão, deixando para trás apenas a alabarda banhada de sangue. Ela estava nova em folha, e se não fosse pelo sangue inimigo, poderia até brilhar. Koute apenas invocou um círculo magico para que ela fosse levada.
– Acho que eu tenho que voltar agora… Sinto que alguma coisa deu merda.
Koute se aproximou da cratera que ele fez ao entrar ali e se transformou em um dragão. Seu corpo estava ferido, o que o impediria de voar a toda velocidade, mas demoraria cerca de 2 horas para voltar até Corlin.
A viagem foi cansativa e longa, porém, a missão foi cumprida. Ao chegar no lar dos dragões, algo estava estranho. A neblina estava mais densa, trovões e raios caiam sem parar e até chamas surgiam. Uma guerra acontecia.
Com um bater de asas, ele se apressou para ter uma noção real do que acontecia. Quando viu a silhueta de um gigantesco dragão e um demônio brigando no céu acima. Koute acelerou ainda mais e procurou por Corlin. Foi quando ouviu um rugido e o corpo de um dragão caindo.
“Merda” – Pensou Koute
– Então você finalmente apareceu, dragão do tempo, Koute. – Afirmou a silhueta, rodeada de raios, que vinha da neblina.
– Quem é você?! – Perguntou Koute.
– Quem eu sou? Você nem mesmo sabe de quem é o filho que você assassinou?
– Merda…!
– Bem, eu sigo o ditado “olho por olho, dente por dente”. Portanto, em troca pelo meu filho, irei assassinar sua amada Corlin.
– O que você quer dizer?!
– Ora, você já se esqueceu dela? Acho que não, não mesmo, já que você matou meu filho por ela.
Koute viu o corpo inconsciente de Corlin flutuar para fora da neblina, como se houvesse algo segurando-a pela garganta. Ela não estava mais na proteção que foi feita e seu tempo de vida estava acabando.
– Desgraçado! – Afirmou Koute enquanto rangia os dentes.
– Eu que o diga. De qualquer forma, vamos ao show principal. Mil e uma espadas. – O ser invocou uma magia ridiculamente poderosa e veloz.
O corpo de Corlin foi atingido de todos os ângulos possíveis: garganta, estômago, coxas… ela foi rasgada e desfigurado, não havia mais salvação. Sua cabeça, pernas e braços já não estavam mais em seus devidos lugares. Naquele instante, o dragão do tempo rugiu e as neblinas se dissiparam, os trovões pararam, e mais nada que vinha dos céus ousou ficar em seu caminho. Agora, apenas o sol ardente pairava sobre aquele lugar.
Por fim, a figura do ser ficou a mostra. Um homem de cabelos negros, olhos ardentes e sem vida, vestindo um longo manto negro. Não existia remorso em seu rosto, muito menos hesitação ou medo. Aquele era o rei demônio, o ser mais poderoso daquele planeta.