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Humanos X Sistema (NOVEL) - Capítulo 9.1

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– É um prazer conhecê-lo! Eu sou o demônio da discórdia, Corlin!

 

– …você tá doente?

 

– Não que eu saiba! Mas por que a pergunta?

 

– … demônios vivem no andar mais baixo do inferno, e eu tenho certeza de que não morri.

 

– …de qualquer forma, quem é você? Você tava todo surrado numa cratera.

 

– Sei lá quem eu sou; só sei que devia lutar, mesmo que isso custasse minha alma.

 

– Hum… – Ela levou sua mão até seu queixo e pensou. – De qualquer forma, eu me sinto muito sozinha sem ninguém, o que acha de passar um tempo aqui até se lembrar?

 

– Você não teme que eu esteja mentindo apenas para poder cortar sua garganta à noite?

 

– Você acha que consegue? – Corlin deu uma risada sarcástica.

 

– Essa é uma pergunta deveras interessante…

 

– Embora não importe como se pense, você não conseguiria me vencer.

 

– Tá tirando sarro de mim?

 

– Que nada, só tô brincando com o quase aleijado.

 

– Tsk! – O jovem virou o rosto para o outro lado.

 

Corlin apoiou sua mão na cama. – Não fica assim. – Quando se apoiou na perna direita, sentiu uma grande dor no tornozelo e despencou no chão.

 

– Cuidado! – Gritou o garoto. Ele rapidamente foi para a beirada da cama e estendeu seus braços para segurá-la, prendendo sua mão em suas costas e impedindo sua queda. Ele a segurou por alguns segundos, olhando no fundo de seus olhos escuros. Sua respiração pesada colidiu com o rosto de Corlin, que ficou levemente corada. Ela levantou e se arrumou.

 

– Eu vou ali. – Disse ela enquanto saia do quarto.

 

– … não deveria ter tocado ela… se ela é realmente o demônio da discórdia, eu devo começar a duvidar de mim mesmo, aí não sei que merda vai dar… que se foda, o que é para ser, será! – Afirmou o jovem enquanto se levantava da cama.

 

Indo pelo mesmo caminho que Corlin, ele se deparou com a sala de estar. A moça estava abaixada, com o vestido puxado acima do joelho, preparada para enrolar um pano em seu tornozelo. O jovem deu um passo largo e abaixou-se diante dela, observando seu tornozelo.

 

– Me deixe fazer isso.

 

– Não! – Ela gritou e o afastou com a mão. – Vai acontecer com você também…

 

– Eu sei sobre a praga dos demônios: as mulheres trazem, os homens levam. No seu caso, você traria discórdia para todos próximos a você, e tocá-la seria suicídio.

 

– Então por que se aproxima?

 

– Seu poder só causa discórdia entre memórias e seres vivos, mas como eu sou o único aqui próximo de você e não tenho memórias, tô de boas.

 

– …

 

– Vai deixar eu fazer isso agora?

 

– … tudo bem, mas não me culpe se algo der errado.

 

Ele aproximou a lisa perna de Corlin e pegou a faixa que estava em sua mão. Foi cuidadosamente enfaixando o seu tornozelo, enquanto a moça observava cheia de ansiedade.

 

– Eu ainda não me apresentei, meu nome é Koute. – Contou o jovem.

 

– Nomezin meia boca, hein?

 

– …

 

– Como você se lembra do seu nome, mas não tem memórias?

 

– Sei lá, mó fita isso aí. Lembrei há pouco tempo.

 

– Unhunr!!! – Corlin grunhiu com a boca fechada.

 

– Te machuquei?! – Koute parou de enfeixar.

 

– Não foi nada.

 

– … – Ele hesitou, mas continuou o processo.

 

– Você pretende partir?

 

– Devo ir daqui a pouco, não quero incomodá-la.

 

– Você não me incomoda, eu fico alegre em ter alguém para conversar.

 

– Se quiser, eu fico. Não tenho para onde ir, mesmo.

 

– Sério!?

 

– … Acabei.

 

– Responda a pergunta!

 

– Então se você não se incomodar, ficarei aos seus cuidados daqui em diante.

 

Ele disse enquanto se levantava e estendia sua mão para a moça. Ela segurou sua mão e se levantou, dando uma olhada no tornozelo. Estava bem enfaixado e não soltaria facilmente.

 

– Bem! Então vou ter que preparar a janta! Você vem comigo!

 

– Hê?! – Ele soltou um leve sorriso, confuso.

 

– Eu não tenho reserva de comida, caço carne toda noite!

 

– …

 

– Vamos?

 

– Bora lá, então.

 

Quando os dois saíram da casa, já estava noite. Corlin pegou um arco que que estava pendurado no lado de fora da casa, também havia trocado o vestido por um short e uma blusa. Koute ainda usava as mesmas roupas. Eles adentraram mais a fundo na floresta, até encontrar algum animal para ser sua presa.

 

Após caminharem por um longo tempo, se depararam com uma fera: seu corpo era grande como o de um boi, mas muito mais robusto. Sua pele era negra, dificultando ser percebido durante à noite, e seus olhos brilhavam na cor carmesim. Certamente carne para a semana inteira. Koute e Corlin espreitavam atrás de uma árvore de tronco grosso.

 

– Vamos pegá-lo? – Perguntou Koute.

 

– Não sei não, a chance de sairmos feridos é bem grande.

 

– Mas não vimos nenhum outro animal por aqui.

 

– Provavelmente esse daí espantou os demais.

 

– Então vamos matar ele.

 

– Você é surdo? Como eu disse, certamente ficaremos feridos.

 

– …

 

– Vamos para outro lugar.

 

– …

 

– O que foi, o gato comeu sua língua? – Disse Corlin virando seu rosto para Koute.

 

– Atrás de você…

 

– O que tem atrás de mim…? – Perguntou Corlin enquanto se virava para trás.

 

Atrás dela havia outro bovino, encarando-a ferozmente. Assim como o outro, era totalmente preto, só que esse era ainda maior.

 

– Partiu correr? – Ela perguntou.

 

Eles saíram correndo em disparada pela floresta com o boi atrás deles. Enquanto estavam com dificuldades de atravessar o terreno, o boi destruía tudo em seu caminho. Logo, o outro boi que estava sendo espreitado percebeu a situação e se juntou à perseguição.

 

– Corre que o corno tá puto! Sai de mim, jogador de Free Fire! – Gritava Koute enquanto corria.

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